quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

As Leis Vs o Evangelho-Amor

As vezes sinto vontade de puxar a barba de Paulo (se é que ele tinha). Sinto vontade de chama-lo para uma roda de capoeira, onde eu pediria pro berimbal tocar são bento grande, e assim eu lhe mostraria, diversas vezes, a sola do pé. Imagino-me dando-lhe vários petelecos e outros tantos pedala-robinhos. Mas aí, a razão de novo me absorve, o sentimento de ira se transforma em vergonha e percebo que o pontapé que quero dar no apóstolo, possui destino em outras bundas.
Entendo que o sentimento descontente que as vezes me inflama, vem de cenas e falas reproduzidas por outras pessoas, conteporâneas minhas. Pessoas que insistem em cita-lo para defender seus malfeitos, covardias, tolices e até devaneios.
Percebo então, que em mim há também covardia, pois é mais fácil encarar a Paulo, do que a milhares.
Do que esse cara tá falando? (Você deve estar se perguntando, ou náo.) Falo da impaciência que me alcança todas as vezes que vejo um evangélico com a Bíblia ao punho, citar uma carta paulina para defender o "nosso" direito de reivindicarmos questões, as quais, Jesus nem sequer mencionou. Na verdade, as desprezou e mesmo assim, submeteu-se a algumas delas. Falo das questões legais que nos regem.
Jesus pagou o imposto, mesmo mostrando para Pedro que o imposto cobrado era indevido. Jesus calou-se perante Pilatos, mesmo sendo inocente. Nestes dois casos, Jesus submeteu-se. No primeiro, para não gerar escândalo desnecessário. No segundo, para cumprir sua missão.
Em contrapasso, Jesus não hesitou em quebrar leis e costumes que engessavam o entendimento do evangelho. A sua anarquia celeste quebrou a maior de todas as leis naturais, a lei natural da morte, onde todos morrem e quem morre, morto permanece. Jesus Cristo não só ressuscitou, como depois disso, nunca mais morreu!
Paulo por sua vez, era culto e instruído, conhecedor das leis e costumes de vários povos. Paulo usou este conhecimento, para pregar sobre o "deus desconhecido". Apoderou-se de sua prerrogativa de cidadão romano, para ser enviado à Roma. Utilizou-se de sua escola doutrinária, para ser ouvido pelos judeus em várias sinagogas e praças. Paulo tinha um curriculum e não hesitava em usa-lo (aqui é um dos pontos que meus conteporâneos usurpam). Sabia os caminhos das liberalidades legais e por eles, obtia as saídas e as entradas que melhor lhe convinhessem para pregar o Evangelho.
Com tudo, o que poderia desassemelhar Paulo, de Jesus, na verdade o faz um discípulo fiel. Paulo, assim como o Mestre Jesus, sabia das leis e as cumpria desde que os propósitos de Deus não fossem prejudicados. Eram subversivos até o tutano!
O Evangelho não se submete, não negocia. O Evangelho salva e por isso transgride. A constituição não suporta nem nunca suportará o Evangelho em sua totalidade. A lei de Moisés, está inserida no Evangelho, contudo, também não o abrange em sua amplitude. Todos os termos, leis e tratados ditos e escritos pela humanidade, são sucumbidos com apenas o sobrenome do Evangelho: Amor.
O Evangelho convida o cristão à este nível de anarquia: Ao descumprimento de toda lei que transgredir o Evangelho de Cristo. Quase que paradoxalmente, ele atribui ao cristão, o pesar da submissão à todas as leis, mesmo que injustas, desde que estas, repetindo, não transgridam o Evangelho.
O cristão deve ter o entendimento de que as leis que nos regem, como a constituição brasileira, tornam-se descartáveis quando opostas à Lei do Amor deixada por Cristo, leia-se o Evangelho.
O Evangelho nos convida a subversão!
A leitura descuidada, entenderia que é permitido ofender, denegrir, difamar, mentir, enganar, corromper, irar, machucar, torturar, extorquir, roubar, prostituir, estuprar, explodir e matar em nome de Deus.
GRITO QUE NÃO! Não é isso que as linhas acima dizem. Principalmente, porque as ações citadas, ferem a lei do Evangelho de Jesus Cristo. Ferem a incondicionalidade da ordenança maior de Amar.

2 comentários:

Graça Serrano disse...

Muito boa reflexão, Paulo não foi perfeito nós sabemos, mas o erro está em colocá-lo, junto com tudo que disse, no lugar que não é o seu, de maneira nenhuma, o lugar de Cristo!

Antonio Mano disse...

É.. rs.. eu cá com minhas loucuras, vira-e-mexe tenho disavenças pessoais com Paulo. Mas sempre me reconcilio, justamente por buscar em Cristo, nos evangelhos, o exemplo perfeito.