quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Um conto sobre idolatria


O Senhor Deus, O Eterno, certa vez disse aos humanos: – Não fazei para vós ídolos, pois vós humanos, são similares à lua e passam a refletir, como sendo próprio de vós, o brilho de quem ou o que lhes encandeiam os olhos, não os do rosto, mas os da alma, que possuem um olhar de contemplação e adoração.

O Senhor Deus, O Eterno, continuou revelando o mistério da absorção que transmuta o ser por meio da contemplação e da adoração. Este mistério consiste em que os humanos passam a projetar em seus diversos "espelhos" a imagem do que os mesmos absorveram no processo, consciente ou não, da contemplação e adoração. Este reflexo gerado, sustenta-se na essência do ser e dependendo do que for refletido, o ser como alicerce, sofre e deforma-se, moldando-se conforme o peso e o pesar do que agora seu ser reflete.

Mas há quem diga que em alguns humanos, não há brilho algum sendo refletido! De fato, isto é quase verdade, pois estes repousaram os olhos da alma no vazio que chamamos de trevas e assim, a escuridão lhes esvaziaram quase que completamente, posto que a escuridão é ausência, por tanto, a nada preenche. E sim! Existe um “quase” que permite perceber o sopro distante e relutante da esperança, mesmo que se esteja pregado numa cruz, ao lado de um inocente, pois a centelha de luz do Criador, existente em cada humano, há de perdurar na criatura até o dia em que ela, solitária de luz, retornar ao Criador, fazendo com que a inexistência completa se apodere daquele ser, o qual não sendo mais, é levado ao abismo! O lugar chamado de inferno!

Mas há também, quem diga que existem nos corações de alguns humanos, por tanto, no alvo dos olhos da alma, a idolatria à dúvida! Nestes, a percepção das tensões e das incoerentes inconsistências no ser daqueles que habitam os polos opositores da fé e da anti-fé, os fazem, covardemente, repousarem sua contemplação e adoração nos pontos de interrogações das questões, as quais não são saciadas nem com as propostas da fé, nem tão pouco com as contra propostas da anti-fé.

Há ainda, esses digo eu, aqueles que não idolatram a nada e nem a ninguém, e de tão certos que são os únicos a obedecerem o que nos ensinou O Senhor Deus, O Eterno, a respeito dos ídolos, acabam por ter os olhos da alma fitos no que aparenta ser intangível! Idolatraram sua pseudo condição de não idólatras! Assim, carregam em si, um reflexo do "não" e ou do que não são! Deixam assim, sem se darem conta, de serem como eram no princípio e vão permitindo que os seus seres se moldem na amarga e pesada capa de um juízo que não é refletido em Luz.

É, por fim então, que surgem aqueles, que são como alguns de vocês que me leem agora, que percebendo os apuros do ser, perguntam: - Quem irá então escapar de tal contradição do próprio ser?? Como escapar dessa aflição do olhar e do não olhar? Como fechar os olhos da alma?? Não podendo (fechar os olhos da alma), o que devemos olhar?? Para onde olhar?? Quem devemos olhar para refletirmos uma imagem que não desfigure quem de fato somos ou fomos no princípio??

EU SOU!!! Em imagem e semelhança os criei! Para serdes santos e perfeitos os destinei! – De pronto interrompe, O Senhor Deus, O Eterno, o desvaneio dos insensatos, mais uma vez apresentando não só uma reposta, não só um propósito, mas a única e definitiva salvação!

Um comentário:

Lívia disse...

Por que? Porque? Porquê ficastes tanto tempo sem nos presentear com suas pérolas, amore mio.
Lindo conto, sem aumentar um ponto.