terça-feira, 1 de outubro de 2013

A crucificação foi uma "armação" de Deus??


A fé cristã afirma que Jesus, o Ungido de Deus, é o próprio Deus vestido de carne humana, o que justifica muito bem, um de seus nomes: Emanuel – Deus conosco. Tal concepção encontra alicerces no cânon cristão, principalmente, nos escritos de João, o amado, que nos apresenta Jesus como o Verbo de Deus e como a Palavra da Vida encarnada; nos escritos de Paulo, o ex-perseguidor, que destacava a humildade de Jesus, mesmo Ele subsistindo em forma de Deus, não usurpava em sÊ-lo; e também, nos escritos de Pedro, o presbítero, que escreve afirmando que o Cristo já era conhecido ainda antes da fundação deste mundo.

Tomando a Bíblia como nosso principal e soberano guia de estudo da história Deus com a humanidade, percebemos que mais do que qualquer outro Atributo, Deus revela-nos o seu Amor, através do seu estender de braços para a reconciliação com os seres humanos, que, por desobediência, se desgarraram do Pai Celeste.

De certo que ao nos ajudar com a percepção de que falhamos, para que, através dessa consciência, fosse gerado em nós o arrependimento, Deus ensinou-nos também que a reparação das nossas falhas para com Ele, viria através de ofertas de sacrifícios e que sem o sangue expiatório de um inocente, não haveria perdão. Para este processo, Deus deu-nos algumas orientações a serem observadas, entre elas, designando que o cordeiro que fosse entregue para o sacrifício, deveria ser um cordeiro perfeito e sem mácula alguma (manchas ou defeitos) , indicando assim uma exigência de perfeição e pureza.

Com a leitura bíblica, também percebemos que há uma evolução na revelação de Deus e seus mandamentos para o ser humano, proporcionalmente, ao passo que este (ser humano) evolui em entendimento. Em contrapartida, o ser humano também evoluí conforme mergulha na compreensão dos ensinamentos eternos de Deus.

Esse processo evolutivo continuou até que em determinado momento da história, aprouve a Deus, designar seu Filho para a reconciliação final. Uma vez que, nenhum cordeiro (ovino), por mais puro que fosse, poderia servir, definitivamente (de uma única vez e de uma vez por todas), como paga por todos os pecados (passado, presente e futuro) da humanidade, coube a Deus então, prover um cordeiro santo para a expiação definitiva.

Em nossa fé cristã, entendemos que a morte nada mais é do que uma passagem, um retorno ao Criador. A morte não é um fim, pelo contrário, é o início para a verdadeira vida. Ora, se nós, pequenos em consciência possuímos essa visão que retira todos os poderes, de finitude, da morte, imaginemos então o Todo Poderoso, O Eterno, Aquele a quem a morte não pode segurar? Um raciocínio lógico e direto poderia nos levar a uma prévia conclusão de que o sacrifício de Jesus no Calvário não passou de uma “armação”, uma vez que Deus não pode morrer!

Com exceção da “armação”, tais fatos são verdadeiros, a saber, que a morte é insignificantemente inofensiva para Deus e que o Eterno não pode morrer! Então o próximo raciocínio é de que a carne humana, o invólucro perecível que Deus utilizou, por 2 dias esteve sem suas funções vitais, mas no terceiro dia, o coração retomou seu trabalho de bombear sangue e o cérebro foi ativado novamente, restaurando, plenamente suas funções cognitivas e os demais órgãos também foram reativados em todas as suas funções vitais, ao que chamamos de Ressurreição.

Ora, mas dizer que o Filho de Deus morreu é dizer que Deus morreu!! E isto é impossível!!! Todo o plano de Deus então não passaria de uma atuação?

Esse é o questionamento daqueles que observam a passagem histórica de Jesus na terra, apenas focando sua morte e ressurreição. A missão do Ungido de Deus é muito maior! A missão do Cristo foi também, de resgate, de restauração, de socorro e de ensino, como costuma dizer o pastor Ariovaldo Ramos, foi a de ensinar a gente, como gente deve ser. Mas, acima de tudo isso, a morte expiatória de Jesus Cristo é a prova e a demonstração real do que o Amor de Deus é capaz de fazer por nós. Ela nos aponta para o entendimento de que em Cristo, Ele morreu por nós, Sim! Ele MORRERIA se assim possível fosse!!! Mais do que a visceralidade da violência sofrida pelo corpo humano que o Eterno habitou, muito bem encenada no filme do Mel Gibson, é a profundidade da revelação do Indescritível, Inigualável e Todo Poderoso Deus Criador de todas as coisas, nos dizer que a extensão do seu amor vai até a morte! Chocar-se com tal revelação nos faz transcender da cruz!! Faz questionar-nos sobre que tipo de amor insondável e imensurável é esse que faz o próprio Deus entregar-se em sacrifício por amor de nós? Que amor é esse que é antes de tudo, unilateral, pois vem do Pai para nós em primeira instância e que nós, em nossa pequeneza, o máximo que conseguimos fazer (quando fazemos), é corresponder dentro das nossas limitações. A limitação humana, neste caso, possui um teto muito baixo, pois restringe-se apenas ao ato de devolver-Lhe as nossas vidas em inteireza de entrega, serviço e adoração e acima de tudo em amor e socorro ao próximo, tal qual, Jesus ensinou.

A morte do Filho de Deus, na cruz do Calvário, nos espanta (conforme avançamos na compreensão) porque percebemos (parcialmente, conforme nossas limitações) a imensidão do Amor de Deus, que mesmo sendo Soberano e Senhor de todas as coisas, se IMPORTOU em demonstra-lo (seu Amor) para nós.

Cristo em sua fala, diz que não havia maior demonstração de amor que a dEle, em dar a sua vida aos seus amigos. Nesta mesma fala, ele diz que deixara aos seus discípulos um novo mandamento, uma nova ordenança a cumprir, a saber, que amassem uns aos outros da maneira como Ele os amara e ainda na sequência desta fala, Ele os elege como amigos, tirando-os da condição de apenas servos. Parece-me claro que Cristo não só apontou seus destinos (com exceção de João), como também os encorajou a morrer por Ele, agora não só como seu Senhor, mas também como seu Amigo, tão quanto os encorajou a morrerem uns pelos outros, em entrega recíproca (ao Amor de Deus), não obrigatória e não condicional. Entrega essa exercida por todos aqueles que adquirem (são agraciados) fé e compreensão no ato de, metaforicamente, se molharem (minimamente), imergindo a pontinha do pé nos imensos e profundos oceanos do Amor, Sabedoria e Mistérios de Deus.

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