terça-feira, 21 de junho de 2011

Enxergar o outro, enxergando-se nele.


O Senhor Jesus nos ensina a primeiro sanarmos nossos machucados para assim, com uma melhor condição adquirida através do tratamento e testemunho, auxiliarmos aos que caminham com suas feridas abertas. A psicologia ensina que os defeitos que detectamos no outro, que também estão alocados em nós, sejam eles já subjugados ou não, vencidos ou não, ou apenas controlados ou não, são os que mais despertam sentimentos e inquietações. 

Ao vermos o próximo caindo em tentações que não nos atormentam mais, temos um ímpeto natural de sacudir-lhe e apontar-lhe os “tijolos amarelos” que pisamos para o escape, para que com isso, ele possa seguir o mesmo trajeto de restauração. Esse tipo de resgate tende a se tornar frustrado, principalmente, por que ignora a interpretação pessoal do outro sobre o problema apontado e o desfecho a que ele se destina.

Nem sempre, nos compete elencar as falhas alheias. Há casos, e penso eu que são a maioria, que a melhor condução é apenas apresentar ao individuo o caminho para o espelho, servindo, se muito, apenas de uma suave luz de candeia que possibilita uma melhor visualização no processo de uma autoanálise, através do testemunho do nosso caminho transpassado.

Esse tipo de ajuda inibe o rebater do outro quando este se sente criticado e numa tentativa de revide e ou defesa, contra ataca apontando os defeitos que o ajudador ainda não venceu. E com isso, invalida para si o conselho e a palavra de orientação.

Os profetas desta geração que me perdoem, mas o levantar de vozes sem as lágrimas, sem o pesar, sem o compadecer, sem o amor e principalmente, sem a percepção clara de que somos todos feitos do mesmo barro, atua apenas como um efêmero agitar de águas, que só serve para afastar os peixes da rede.

Cristo, sendo divino, mesmo em vestes de carne como nós, não conheceu o erro, o pecado ou a imperfeição. Por isso, não tinha que trabalhar com tais cuidados, mas mesmo assim, não usava de sua condição para esbofetear as pessoas com a exposição de seus pecados, apesar de seus discursos terem sempre o verbo arrepender como um dos principais protagonistas.

Mais que humildade, vejo isso como sabedoria. Sim, uma vez que a principal intenção de expor falhas é para que as mesmas sejam revistas em arrependimento e transformação, procurar apresenta-las em amor é a melhor alternativa para uma possível conversão.

Vejo também, mesmo que sendo apenas uma conjectura pessoal, que Cristo enxergava-se nas pessoas. Ao ver as pessoas, Cristo enxergava o amor do Pai por elas, e com isso, enxergava a Si mesmo, pois Ele próprio é a maior manifestação do Amor de Deus para com toda a criação.

O exercício que proponho então é este: Enxergar-nos ao enxergarmos o próximo. É ver-nos pequeninos todas as vezes que vermos o próximo sofrer por coisas banais; É ver-nos imperfeitos todas as vezes que vermos as falhas do próximo; É ver-nos corrompidos todas as vezes que vermos a corrupção no próximo. 

Este não é um exercício de apropriação de falhas alheias, tampouco de covardia ou cumplicidade permissiva. Este é um exercício de amor. Semelhante e não igual, ao de Cristo quando desceu o abismo de degraus necessários para usar as vestes humanas, nos mostrando quais tijolos da estrada não afundam, deixando pegadas de luz que atravessam os séculos até hoje, que nos guiam para o caminho da salvação. Neste caso, Jesus, o perfeito salvador, se igualou aos imperfeitos para o cumprimento do processo da redenção destes. O que proponho é  que os imperfeitos se reconheçam como tal, observando-se nas imperfeições do outro, distanciando-se da tentação do julgamento e exonerando-se do exercício indevido de fiscais e delegados de Deus.

Ao nos enxergarmos nos pecados do próximo, seremos movidos a ama-lo e ajuda-lo. Não com dedos erguidos à sua fronte, mas sim, exibindo nossas cicatrizes e feridas que ainda estão abertas. Propondo um caminho de parceria, onde possamos ser enfermeiros uns dos outros, conforme as prescrições do único médico: Jesus Cristo.

Enxergar-se enxergando o outro, seja o outro quem for.

Será que conseguiremos nos enxergar em todos os seres humanos? Nos que vivem ou não à margem da sociedade? Será que conseguiremos nos enxergar nas garotas e garotos de programa? Nos evangélicos? Nos travestis? Nos católicos? Nos corruptos? Nos pastores? Nos hereges? Nos ateus? Nos padres? Nos assassinos? Nos bandidos? Nos Ladrões? Nos religiosos? Nos Espíritas? Nos umbandistas? Nos falsos mestres? Nos muçulmanos? Nos adúlteros? Nos deficientes? Nos sãos? Nos presidiários? Nos militares? ... etc?

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá muito bom seu blog ja estou seguindo. Tenha uma semana muito abençoada na paz de Deus.
www.blogandodemadrugada.blogspot.com

Antonio Mano disse...

Olá Gabriela, seja muito bem-vinda!