segunda-feira, 4 de abril de 2011

O esporte como instrumento de aprendizado social e mecanismo de aproximação para apresentação do Reino de Deus

Mesmo cerca de 123 anos após a assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravatura no Brasil, ainda vivemos um processo de adequação social para os brasileiros de descendência africana. Falar sobre o pré-conceito e o racismo contemporâneo, seria apenas nadar sobre a superfície do lago turvo e profundo que é a história da escravidão no Brasil.

Mesmo com a criação de políticas públicas sociais e secretarias de igualdade racial, existem brasileiros que não compartilham do mesmo direito e das mesmas oportunidades que a Constituição garante aos filhos da terra. Uma parcela dessas pessoas, vivem em comunidades remanescentes de escravos e quilombos, hoje denominadas de quilombolas.

Conversando com meu amigo Rafael, que está iniciando um trabalho social através de uma escolinha de futebol com as crianças de uma comunidade quilombola no interior do Piauí, surpreendi-me com alguns dos seus relatos sobre o comportamento dos pequeninos.

Ele me contou que as maiores dificuldades são de nível básico e estrutural, principalmente, no núcleo familiar, onde as crianças não tem uma educação e um exemplo adequado, o que as levam a se tornarem extremamente indisciplinadas, desrespeitosas e agressivas.

Uma das causas desse distúrbio familiar, deve-se ao fato de que boa parte das crianças não sabe nem quem é seu próprio pai. A ausência da figura paterna, não só os desconecta do retrato tradicional da família brasileira, como também, acentua neles ainda mais a total ignorância sobre o que é respeito, obediência e senso de autoridade.

Entristeci-me ao saber que infâncias estão sendo roubadas e substituídas por uma existência à margem do que entendemos ser uma vida abundante conforme Cristo ensinou.

Para entender melhor o que ocorre, devemos fazer uma pequena análise, mesmo que superficial, da comunidade. Em geral, as comunidades quilombolas, vivem do que seus líderes conseguem extrair dos programas públicos de inclusão e auxílio social. Quando incentivados, financeiramente, até conseguem definir uma identidade cultural e desenvolvê-la através de arte e folclore.

Nessa comunidade em questão, o grande carro econômico é a famigerada bolsa família. Onde as mães entendendo a regra à risca, permanecem com os seus filhos matriculados e presentes nas salas de aulas, para poderem usufruir do benefício. Infelizmente, as crianças até vão para as salas de aula, contudo, sem uma estrutura familiar e sem valores e uma orientação adequada em casa, se tornam senhores de sua própria vontade, se comportando desordeiramente. As salas de aulas não conseguem evoluir para uma didática maior do que a apresentada em uma creche, uma vez que os professores com seus péssimos salários, perdem mais tempo separando as brigas dos alunos do que ensinando qualquer matéria.

Contudo, poderíamos deduzir que, pelo menos, as necessidades mínimas de alimentação estão sendo sanadas com a bolsa família, uma vez que essa é a sua principal destinação. Porém, o que ocorre é que os homens não trabalham, as mulheres ficam a esmo nas calçadas e os bares já estão vendendo bebida às 9 hs da manhã. Bebidas essas, pagas com o dinheiro do bolsa familia.

Com isso, o trabalho inicial do Rafael ainda é muito básico e primário. Ensinar o que é direita e esquerda, ensinar a não violência, desenvolver o trabalho em grupo e companheirismo, estimular a concentração, ensinar noções de respeito e de disciplina e etc. Para só depois, conseguir ter alicerces para estimula-los a estenderem esse novo comportamento aprendido em suas casas e nas salas de aulas.

A transformação comportamental das crianças é a meta mais urgente. Elas serão os novos adultos, a oportunidade de tira-las da direção do mesmo futuro de seus pais é agora.

Jesus, em mais de uma vez relatado nos evangelhos, acenou para a importância que devemos dispensar às crianças e sobre a condenação horrível que espera por aqueles que roubam os sorrisos dos pequeninos com violência e desesperança.

O projeto da escola de futebol Rogate, vem sendo desenvolvido pelo missionário Rafael, no nordeste e pelo pastor Vinicios no sul do país.



Seguem abaixo os e-mails e telefones para entrar em contato e saber mais sobre o projeto:

Rafael Reis - rafatiago@hotmail.com - 86|9951.1686
Vinicios Vilela - vini_de_jesus@hotmail.com - 41|9911.1966

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