terça-feira, 16 de novembro de 2010

O diálogo cristão deve ser o diálogo humano.

Imaginar a humanidade despida de crenças é tão complicado quanto imagina-la conciliando todas as crenças.

O discurso cristão de que pessoas de outras crenças pertencem a uma classe diferente da classe das pessoas de crença cristã, há muito tempo não possui sustentação para ser reverberado.
O verdadeiro entendimento cristão sobre o ser humano é de igualdade. Desde o nascimento até o inalterável padecer do corpo. A crença cristã garante que o Cristo veio para reconciliar Deus com o mundo, abrangendo assim, todos aqueles que nele habitam. Mesmo que exista um fator condicionador para tal reconciliação, a fé, o sacrifício soteriológico é destinado a toda a humanidade.
O diálogo entre as religiões devem buscar um caminho racional, onde até a crença na inexistência divina (ateísmo clássico), deve ser compreendida como uma manifestação natural do entendimento (ou da falta dele) humano para o que entendemos como não-material e ou espiritual.
Por milênios os cristãos se ocuparam na defesa do indefensável. A racionalização e exposição de sua fé.
Sugerir que outros creiam em seus dogmas, os quais são construídos de formas únicas por indivíduo, relacionados principalmente, a fatores culturais, é tão insensato quanto sugerir que os que crêem, o fazem por razões sugestivas da alma humana, como o medo e a ignorância.
A fala cristã deve ser detida pela vivência cristã. A boa nova de Jesus deve ser mais que pregada, deve ser compartilhada de forma simples, contínua e natural, tal qual o ato de respirar. Onde o descrente, não mais deve ser coagido a corroborar com a cosmovisão cristã, mas sim, embriagado pelos aromas dos frutos do Espírito que existem naqueles que compartilham não apenas suas crenças, mas suas vidas. A pregação cristã deve ser solidificada em Amor, ação de justiça e entrega. Essas ações não mais devem ser condicionadas à receptividade da fé cristã. 
Mesmo que se corra o risco do descrente atribuir os valores positivos vistos para a natureza humana, o homem enquanto cristão, sabe que ainda que ele pleiteie isso, não pode gozar plenamente de um mérito que não lhe pertença, mesmo que em suas ações, ele desvie-se do caminho cristão, e exiba tais feitos como oriundos dele próprio, sua alma garante-lhe o fel do saber.

[descrente - leia-se que crê diferente, ou simplesmente, que não crê. Por tanto, o termo não carrega pejoratividade, uma vez que o objeto da descrença é o objeto da crença do cristianismo, o Cristo.]

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