Estou há 6 anos
trabalhando como missionário na região nordeste do Brasil. Minha
primeira morada foi em Caruaru, no agreste do estado de Pernambuco, depois morei alguns meses no sertão
do estado do Ceará, na cidade de Cariri e atualmente, estou na cidade de Amarante, localizada no interior do
estado do Piauí. Nesses anos visitando diversos líderes de diferentes estados
dessa região, líderes sertanejos que estão engajados na evangelização do
Sertão, ouvi diversas frases ditas por eles, como: “Estamos sozinhos
nessa luta”; “O sertão é esquecido pela igreja brasileira”; “Não vamos
conseguir sozinhos”; “O sertão precisa de ajuda”.
Antes
de falar da minha impressão sobre o Movimento Nacional (Movimento Nacional de Evangelização do Sertão Nordestino), gostaria aqui de destacar
que toda “crítica” é fundamentada no interesse de quem critica, neste
caso o meu interesse é ver o sertão totalmente transformado e
evangelizado. Acredito que o Reino de Deus é construtivo e não
destrutivo, e para que eu, como igreja, possa fazer parte dessa
construção, preciso deixar meus interesses pessoais e ministeriais de
lado. Quero ver o sertão evangelizado e não ter uma grande organização
estabelecida.
Acredito sim no Movimento Nacional e nos
benefícios que ele pode trazer para o povo sertanejo. Vejo o Movimento
Nacional com um caráter missionário e como todo trabalho missionário,
estará sujeito a “erros” e “acertos”. Nenhum movimento missionário teve
100% de êxito, contudo contribuíram para que boa parte das nações
pudessem ser evangelizadas. Tenho recebido e-mails e ligações de pessoas
que não gostaram e não concordaram com a forma na qual foi direcionado o
Congresso Nacional de Evangelização do Sertão Nordestino, não escondo a minha tristeza, pois
até o momento poucas ou quase nenhuma pessoa se disse disposta a
plantar pelo menos 2 igrejas das 10.000 estabelecidas como alvo. Deus
está com os seus olhos sobre o Sertão Nordestino e nós não temos como e
nem podemos controlar o agir dele sobre esta terra.
Já
estive em ações missionarias em 8 estados do nordeste Brasileiro,
passaporte carimbado nas maiores romarias do nordeste (Pe. Cicero, Frei
Damião, Sta. Cruz dos Milagres, Canindé). Já morei em alto sertão,
serra, vilarejo e povoado, experimentando picada de escorpião e tendo
que atravessar rios de enchentes no Ceará para poder chegar em casa, com
tudo isso eu poderia pensar: “Eu sim tenho mais para falar do que os
preletores que estão na plataforma ministrando neste congresso”. Contudo,
se esse fosse meu sentimento, acredito que o alvo de “evangelizar o
sertão” teria se perdido diante dos meus olhos. Não existe maior
privilégio do que fazer parte da história da evangelização do sertão nordestino, e com muita alegria eu posso dizer que faço e continuarei fazendo parte dela.
Acredito
sim no Movimento Nacional e na força que ele dará para que aqueles
que estão há tempo trabalhando no sertão, sem nenhum apoio, sejam
apoiados. Eu também acredito que o Movimento Nacional precisa se
contextualizar com a realidade sertaneja; assim como eu, missionário de
origem paulista, precisei me contextualizar, porém só consegui porque
pessoas me ajudaram. Queremos e precisamos ajudar o Movimento Nacional. E
da mesma forma que parece ser utópico plantar 10 mil igrejas em 10
anos, é também utópico acreditar que vamos realizar todas as tarefas
missionárias sozinhos, por isso precisamos de unidade.
Deus
está dando esse momento lindo para o sertão e juntos precisamos
aproveitar e fazer dessa oportunidade uma das maiores ações missionárias
que o planeta já viu. Denominações, Missões, Ongs, Juntas Missionárias e
Missionários, todos juntos na evangelização do sertão nordestino, esse é o
Movimento.
Nós do Projeto Macedônia acreditamos no Movimento
Nacional, apoiamos e queremos de alguma forma contribuir com ele e
convidamos todos aqueles que acreditam na redenção do sertão ao senhorio de Cristo, a juntar-se
a ele.
Rafael Reis |
Projeto Macedônia
Missionário para o sertão e quilombolas do nordeste.
[REVERBERADO]